Todas as histórias banais têm algo de extraordinário que não conseguiria descrever por mais que com força fechasse os olhos. E acredita que fecho. Fecho-os por vezes com tanta força que julgo ver para além das pálpebras tudo aquilo que não quero ver. E eu sei que é muito. É demais para quem como eu nunca conseguiu lidar com o luto. Contrasto os poucos momentos de verdadeira felicidade com outros em que tudo parece tão negro que o meu anseio é que a noite caia depressa dentro de mim. Sonho-me viajante no espaço sideral, apenas com as estrelas por companhia tão longe que não me vêm chorar. Há algo de reconfortante em sentir e não ser visto. Duvido que seja feliz e questiono-me se alguma vez o fui. Durante muito tempo vivi fechado em mim. Nos outros via um sentir para mim inusitado. Tudo era tão estranho. Os sorrisos que se transformavam à minha vistam em esgares e os amores fingidos por interesse. Fui espectador de uma película de série bd; de um filme de baixo orçamento e argumento pobre. Senti-lhe lacunas na superficialidade emocional e eu sozinho sem saber como rir ou como se faz para chorar. Caminhava contando para trás numa anestesia que não passava. Nunca segui um caminho, segui caminhando como quem desiste da vida, de olhos no chão e alma suja...
Musica: Pink Floyd - Dark side of the moon, sinto mesmo o lado escuro da lua...