Quinta-feira, 29 de Dezembro de 2005
O que escrevo? Ficções. Trânsitos de fadas e de magos no meu pensamento.
Súbitas explosões de criatividade.
O que escrevo? Sonhos. Coisas. Momentos. Ilusões.
O que escrevo? A verdade.
Não posso esquecer que passei quase 30 anos a estudar o mundo. Compreendi o
seu funcionamento, o que é fácil dado o mesmo ser baseado em lógicas
rudimentares. A minha forma de viver quase me levou à morte e, num certo
sentido, creio que houve alturas da minha vida em que estive morto. Se
sobrevivi e renasci, devo-o exclusivamente à fé de que tudo iria mudar e,
também, ao Amor.
Hoje o meu olhar é límpido. Hoje o meu olhar é claro e cortante.
Por isso, o que escrevo é a verdade. O que pressinto. Há uma grande visão da
qual ainda só me apercebo de fragmentos. Mas pressinto essa Unidade.
Pressinto esse paraíso. E o que escrevo são pistas que lanço a mim próprio
nessa direcção.
Um dia, vou deixar de escrever sobre o mundo. E será em breve.
No princípio da idade adulta, escrevia muito sobre a falsidade das religiões
instituídas. Depois, deixei de o fazer porque ascendi a um outro patamar.
E sinto que, a passos largos, o mesmo sucederá com o mundo.
E para o patamar que vislumbro levarei o que no mundo é Pureza, Beleza, Cor,
Desígnio. Não enlouquecerei. A cada dia estou mais lúcido. Mais solar. Mais
luminoso. Mais perto da Beleza e da Pureza.
E, na génese, é sempre assim que a vida começa, e é por isso que tudo o que
nos ensinam é mentira, e é por isso que o verdadeiro renascimento do
espírito é o retorno às luzes primordiais dos dias da infância.